Dando continuidade à nossa conversa, nesta segunda parte da entrevista, falamos sobre os avanços e os obstáculos relacionados à inclusão de pessoas com a Síndrome na escola regular e os limites de seu desenvolvimento cognitivo. Para opinar a respeito, entrevistamos o Professor Doutor Zan Mustacchi, Pediatra e Diretor Clínico do Centro de Estudos e Pesquisas Clínicas de São Paulo, e o Doutor José Rodrigues Coelho Neto, Pediatra e Endocrinologista, que vivencia a experiência de conviver com Matheus, seu enteado, com a Síndrome. Confira!
Adere – A inclusão social para essas pessoas já é uma realidade, por exemplo, na escola?
Dr. José - Quando o tema da inclusão começou a ser debatido há muitos anos, por falta de conhecimento mais aprofundado, eu não acreditava. Não achava proveitoso colocar uma criança com deficiência em uma escola regular. Pensava que elas seriam bem atendidas em escolas especiais. Pouco depois, quando comecei a ver os resultados, e principalmente após passar a conviver com meu enteado com SD, percebi que é algo muito importante para ele, assim como era para as outras crianças ao seu redor.
Adere – Por que esse convívio é bom para eles, afinal?
Dr. José - No convívio com o outro, acabam existindo outras referências para a pessoa se apoiar e se espelhar. Os limites também aparecem, vindo dos colegas que começam a se incomodar com algumas atitudes e a chamar atenção para elas. Há também o afeto e o cuidado que, naturalmente, surge da turma, o que faz muita diferença. Seu desempenho social, que já era bom, pode se expandir. Ele nunca frequentou escola especial. Aprendi e aprendo muito com ele, pois tem inteligência emocional melhor do que a minha. Por diversas vezes me peguei pensando como ele se sairia naquela situação difícil e o imitei. Minha natureza é mais retraída, mas sisuda. Com ele, aprendi que um sorriso, uma palavra boa, ajuda muito mais do que cara fechada e palavras duras.
Adere – Mas, e o desenvolvimento cognitivo, como fica na escola regular?
Dr. José - É claro que desenvolvimento cognitivo é diferente. Ele não consegue se apropriar de vários temas, como equações de física ou operações matemáticas, por exemplo, mas vários conceitos, impressões e informações foram absorvidos e ele nos surpreende muitas vezes com as citações que faz. Podemos dizer que a inclusão propicia ganhos que uma escola especial não dá e temos que também saber que apesar do estímulo constante, há limites difíceis de serem ultrapassados, mas podemos ser felizes com isso.
Adere – A escola de hoje está preparada para esse acolhimento?
Dr. José - Nem todas as escolas, assim como nem todos os professores, estão preparadas para receber esses alunos. Geralmente adoram essas crianças e, por isso, acabam deixando de estabelecer limites e permitem que façam suas artes durante o período da aula. Os professores também têm dificuldades de identificar o potencial de cada aluno com deficiência e, com isso, é compreensível a dificuldade de saber o quanto cobrar ou mesmo formular as lições de casa que cada um deverá fazer. Ainda não temos um modelo de escola que receba a pessoa com deficiência do jeito que ela precisa, aceitando e respeitando seus limites. Existem várias que já sabem como fazê-lo, mas ainda não é a maioria.
Adere – Depois que o Ensino Médio acaba, o próximo passo é a formação técnica ou faculdade. Como fazer com o jovem com SD?
Dr. Zan - Acredito que a pessoa com Síndrome de Down, que tenha toda estrutura, consiga fazer uma faculdade, ser um empresário, mas isso não significa que ele domine os conteúdos para isso. Vale lembrar que nossa sociedade, reforçada pelas ações dos governos dos últimos anos, valoriza o diploma e não o real conhecimento. Os pais querem resolver o futuro desses filhos com comprometimento intelectual. Para eles, não importa se sabem ou não sabem os conteúdos.
Dr. José – Para mim, é um grande desafio (e percebo que para outros pais também) vivenciar e motivar o amadurecimento para a vida adulta que começa, basicamente, quando o Ensino Médio se encerra. Uma pessoa com SD raramente terá condições de frequentar uma faculdade. Existem casos, mas são esporádicos. Muitas vezes os adultos cuidadores acabam assumindo ou auxiliando os trabalhos, tarefas e as provas. Naturalmente o Down tem dificuldades na aquisição e desenvolvimento do conhecimento. Este sonho da pessoa portadora de SD ser capaz de fazer tudo é parte da idealização que qualquer pai tem com seu filho e é respeitável que se ambicione por isso, mesmo sabendo das limitações e dificuldades que enfrentarão. Nunca devemos baixar as expectativas, pois isso desmotiva e impede que as crianças possam alcançar o melhor de seu potencial. O que me preocupa é o exagero, que os pais sofram por esperarem demais e a criança não conseguir atingir as metas que eles estabeleceram. No meu ponto de vista, o importante é ser feliz, ser querido, ter amigos, viver bem com sua família e na sociedade. Conseguir um diploma não é o mais importante.
As opiniões dos entrevistados são de sua responsabilidade e não reproduzem, necessariamente, a opinião da Adere.
________________________________________
A visibildiade de todos é iomportante para a inclusão e ajuda dessas pessoas
https://www.vetopet.com.br/ VetôPet - Clínica Veterinária 24 horas em Maringá
Parabéns 👏 gostei muito, bem esclarecido!
Att, João de Jesus
Estagiário Advocacia (Divórcio e Pensão)
https://vlvadvogados.com/blog/ e https://www.jesusmacomunicacao.com.br/?m=1
Viva a inclusão!
Att
https://www.blogueirinho.com/
Blogueirinho - Entretenimento, Curiosidades, Bem-Estar, Dicas